Projecto de um amendoal superintensivo em Portel, Évora, valeu a Manuel Grave, de 29 anos, o prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018.
O promotor do amendoal superintensivo em Portel (Évora) que ganhou esta quinta-feira, 18 de Outubro, o prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018, em Bruxelas, mostrou-se “feliz” com a distinção. “Estou muito feliz com a atribuição deste prémio e significa, principalmente, que as escolhas que fizemos são bem vistas pelo comité de júri do congresso, o que indica que esta exploração estará no bom caminho para ser sustentável, inovadora e do maior sucesso”, afirmou Manuel Grave, contactado pela agência Lusa.
O prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018 foi atribuído, em Bruxelas (Bélgica), ao projecto de Manuel Grave, que investiu na instalação de um amendoal em regime superintensivo numa exploração no concelho de Portel, segundo divulgou a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
Segundo a CAP, o jovem agricultor alentejano viu o seu projecto, numa área de cerca de 70 hectares, premiado no Congresso Europeu de Jovens Agricultores, que decorreu na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas. O investimento envolve a instalação de um amendoal com uma densidade de 2.469 árvores por hectare, das variedades Soleta e Lauranne, ambas com boa aceitação de mercado e ajustadas ao modelo superintensivo.
O projecto vencedor foi ainda escolhido pelas suas preocupações ambientais e de gestão dos recursos hídricos e pela criação de postos de trabalho.
1,5 milhões de euros de investimento
O jovem agricultor alentejano, de 29 anos, explicou à Lusa que o projecto está situado na freguesia de Portel, em terrenos arrendados, e envolve um investimento de 1,5 milhões de euros, com apoios do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.
“Isto só foi possível devido ao apoio da Europa e também do projecto Alqueva”, porque, “sem o perímetro de rega, não teria havido possibilidade nenhuma de fazer este projecto”, já que é a água disponibilizada pelo empreendimento que permite “dinamizar uma zona que era muito pobre” e com terras “secas”, afiançou Manuel Grave.
As árvores foram plantadas no ano passado, entre Outubro e o início de Novembro, num “regime de alta densidade ou em sebe”, que “tem várias vantagens”, como “a entrada em produção mais rápida, a facilidade na colheita” e “nas podas” e o facto de acompanhar os outros regimes “na produção cruzeiro”, precisou. Trata-se de um moelo “muito inovador”, sublinhou o agricultor, assinalando que as suas árvores ainda não entraram em produção, o que está previsto apenas “para o Verão de 2020”.
As nossas escolhas alimentares: as acções são o nosso futuro
No tipo de pomar, existem “muitas árvores por hectare”, as quais “criam uma sebe, como se fosse uma vinha”, mas com preocupações ambientais e de poupança de água, segundo a CAP e o agricultor. “Apesar de ter mais árvores por hectare, o consumo de água acaba por ser menor, porque a área de folhas da árvore é menor e são as folhas que respiram e bebem água”, destacou, acrescentando que “a rega é da mais alta tecnologia”, com “gotejadores de última geração que deitam a água de que a árvore necessita”.
Num concelho como o de Portel, que tem terras “boas, mas maioritariamente secas”, e, por isso, tem “pouco dinamismo agrícola, com a possibilidade da criação destes projetos, houve criação de postos de trabalho, tanto sazonais, como fixos”, e atração de empresas prestadoras de serviços, congratulou-se ainda o agricultor. Já este ano, Manuel Grave, que possui mestrado em Engenharia Agronómica, tinha conquistado em Portugal o prémio de Jovem Agricultor do Ano, com o mesmo projecto.
Comments are closed.