A produção mundial de vinho deverá, este ano, atingir os 246,7 milhões de hectolitros, um valor 8% abaixo do obtido em 2016 e “um dos mais baixos em várias décadas”, diz a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), destacando que esta quebra resulta de “riscos climáticos” que afetaram os principais países produtores, com destaque para a Europa. Os dados, anunciados esta terça-feira de manhã, em Paris, na sede da OIV, mostram que a produção de vinho na Europa ocidental está, em ano, em valores “historicamente baixos”, em especial nos três maiores produtores mundiais: Itália estima uma produção total de 39,3 milhões de hectolitros, o que representa menos 11,6 milhões do que em 2016 (uma quebra de 23%); a França perde 8,5 milhões de hectolitros e deverá produzir, apenas, 36,7 milhões este ano (menos 19%) e Espanha prevê uma produção inferior em 5,8 milhões, num total de 33,5 milhões de hectolitros (uma redução homóloga de 15%). A Alemanha perde 10%, correspondentes a 900 mil hectolitros, e estima produzir 8,1 milhões de hectolitros de vinho. Na Grécia, as perdas são de 10%, para 2,5 milhões de hectolitros, e na Bulgária de 2% para 1,1 milhões de hectolitros. As exceções europeias a este panorama, são Portugal (+10% para 6,6 milhões de hectolitros), a Roménia (+64% para 5,3 milhões), a Hungria (um acréscimo de 3% para 2,9 milhões de hectolitros) e a Áustria (um crescimento de 23% para 2,4 milhões de hectolitros). “Na União Europeia, condições climáticas extremas – das geadas à seca – tiveram impacto significativo na produção vitivinícola de 2017, que foi historicamente baixa”, destaca a OIV, sublinhando que, apesar disso, a Itália consegue “confirmar o seu lugar como líder da produção mundial de vinho pelo terceiro ano consecutivo, seguida da França e da Espanha”. Em contrapartida, o novo mundo vitícola parece ter boas colheitas, embora a OIV sublinhe que as previsões dos Estados Unidos, que apontam para uma vinificação de 23,3 milhões de hectolitros, uma vindima grande pelo segundo ano consecutivo, são de agosto e não têm, por isso, em conta os potenciais danos causados pelos recentes incêndios na Califórnia. Os Estados Unidos são o quarto maior produtor mundial de vinho. Segue-se a Austrália, com uma vindima em alta perlo terceiro ano consecutivo e que espera, em 2017, crescer 6% e produzir 13,9 milhões de hectolitros. Na Nova Zelândia os números não são tão simpáticos e é esperada uma quebra de 9% para 2,9 milhões de hectolitros de vinho. No ranking dos maiores produtores poucas foram as mexidas, exceto a descida da China do sexto para a sétima posição, mas que terá a ver com o facto de os números chineses serem, ainda, os referentes ao ano de 2016. Mais segura foi a subida do Brasil à 14ª posição no ranking mundial, ultrapassando a Hungria. A verdade é que, em 2016, a produção de vinho no Brasil foi de 1,3 milhões de hectolitros, menos de metade do ano anterior. E, este ano, o país estima crescer 169% e atingir uma produção de 3,4 milhões de hectolitros. No continente sul-americano, a OIV espera um crescimento substancial da produção. A Argentina, que em 2016 teve uma das vindimas mais fraca dos últimos anos, conta, este ano, crescer 25% e atingir os 11,8 milhões de hectolitros, e o Brasil recupera de uma produção curta, também, em 2016. Em sentido contrário, o Chile prevê fazer 9,5 milhões de hectolitros de vinhos, um valor 6% inferior ao do ano anterior, que já fora uma vindima baixa. Por fim, a África do Sul estima um ligeiro crescimento, de 2%, para 10,8 milhões de hectolitros. Na conferência desta manhã, Jean-Marie Aurand, diretor-geral da OIV, deu conta que não há, ainda, dados definitivos sobre o consumo. As previsões apontam para um consumo mundial de vinho entre os 240,5 e os 245,8 milhões de hectolitros.
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