A decisão do Parlamento Europeu, para autorizar a utilização, por mais sete anos, do pesticida glifosato, é considerada pelos ambientalistas uma profunda cedência à indústria dos agroquímicos, contra a saúde e o ambiente e sem respeito pela ciência.
Já a Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas (ANIPLA), que representa os comercializadores de fitofarmacêuticos, congratula-se com o resultado da votação, que decorreu na quarta-feira, em Estrasburgo, e recorda que o glifosato representa uma ferramenta fulcral para a produtividade e competitividade da agricultura portuguesa.
Depois do processo ter sido suspenso no início de Março, por pressão de alguns países, o plenário do Parlamento Europeu aprovou a renovação, por sete anos, em vez do prazo inicialmente proposto de 15 anos e com restrições, da comercialização do glifosato, um composto classificado como potencialmente cancerígeno, pela Agência Internacional de Investigação sobre Cancro.
A resolução, com 374 votos a favor, 225 contra e 102 abstenções, pede que a utilização de glifosato se limite a usos profissionais e exclua parques, zonas de jogos ou jardins.
Em Portugal, as autarquias usam este produto para retirar as ervas daninhas de jardins ou outros locais públicos.
Para a ambientalista Margarida Silva, a decisão do Parlamento Europeu não protege a saúde nem o ambiente e não respeita a ciência. Para a investigadora, cientista e activista da Plataforma Transgénicos Fora, trata-se de uma profunda cedência aos interesses económicos da indústria dos agroquímicos, interessados na comercialização de substâncias que são tóxicas e causam problemas na saúde.
Alexandra Azevedo, da Quercus, associação ambientalista, que tem um projecto para incentivar as autarquias a deixarem de utilizar a substância, concorda, mas salientou que, no entanto, a decisão do Parlamento Europeu foi a menos má, pois, mais 15 anos, seria pior, por isso, sete anos é uma pequena vitória, e recordou os vários estudos científicos a apontar para o perigo deste pesticida.
Em comunicado, a ANIPLA refere que, não sendo uma decisão vinculativa, pois a licença do glifosato expira em Junho do presente ano, o próximo passo passa pela votação, em Maio, do Comité Científico competente, que aprovará ou rejeitará a proposta da Comissão, por maioria qualificada. Esperam, portanto, que na decisão final os Estados membros e a Comissão Europeia tenham em consideração a mensagem de aprovação da renovação do glifosato, do Parlamento Europeu, legítimo representante dos cidadãos da União Europeia.
Fonte: Lusa
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